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Manaus, AM, Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Memórias do Amazonas

A História do Largo de São Sebastião

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A História do Largo de São Sebastião

O Largo de São Sebastião é um importante ícone para o cenário histórico e cultural de Manaus, relacionado diretamente com o ciclo econômico da Borracha que abrange o final do século XIX e início do século XX. Uma vez que o Turismo deve ter por finalidade a intensificação das relações humanas, além do consumo visual do lugar, surge a necessidade de um levantamento histórico a respeito dos patrimônios que compõe o Centro Histórico de Manaus, relevantes para a reafirmação da identidade cultural da população manauense, uma vez que a sociedade interpreta os  diferentes períodos históricos por meio da valorização dos patrimônios que integram o seu contexto social.

Sendo assim, por meio de um levantamento bibliográfico e documental, e a partir de um recorte temporal e espacial, o Largo de São Sebastião é apresentado dentro dos seus  simbolismos, de sua relevância histórica e cultural e da sua importância para o Turismo na cidade de Manaus.

A História do Largo de São Sebastião

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A HISTÓRIA DO LARGO

Em decorrência do ciclo econômico da Borracha, que já se fazia presente na exportação regional desde 1827, Manaus deveria se apresentar moderna, limpa e atraente .

Então, com a justificativa de modernizar e embelezar a cidade, os governantes da época passaram a se preocupar mais com a aparência do lugar, tendo em vista a atração de mais investimentos e a visibilidade internacional da então Tapera de Manaus.

Foi assim que Manaus rendeu-se a influência da Belle Époque, movimento que surgiu na França, entre o final do século XIX e o início do século XX, e visou a melhoria da qualidade de vida e estruturação das cidades.

É importante salientar também que as obras urbanísticas as quais Manaus foi submetida na época possuem influência direta do complicado traçado urbano aplicado pelo prefeito de Paris, o Barão Haussman, na própria cidade de Paris.

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A História do Largo de São Sebastião

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É nesse período de transformações urbanísticas e culturais marcantes que convém falar da praça, mais precisamente do Largo de São Sebastião, como espaço de sociabilidade e palco de importantes manifestações caracterizadoras de uma sociedade e dentro de um contexto histórico definido.

Ao falar do Largo de São Sebastião, imediatamente faz-se necessário abordar também os patrimônios que estão intimamente ligados a sua história e que se constituem como referências turísticas para a cidade de Manaus, como: o Teatro Amazonas, a Igreja de São Sebastião e o Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial.

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Inicialmente, o local onde hoje se situa a Praça de São Sebastião era uma pequena roça de propriedade do Tenente-coronel Antônio Lopes de Oliveira Braga e ficava localizado entre as ruas do Progresso, da Feliz Lembrança e de Gonçalves Dias.

No dia 7 de setembro de 1867, o médico Dr. Antônio Daví Vasconcelos de Canavarro, então Diretor das Obras Públicas, mandou preparar o referido terreno para que fosse erguido no mesmo uma coluna de pedra, de seis metros de altura e com quatro faces lisas, em homenagem ao ato de abertura do rio Amazonas ao comércio mundial.

Por volta de 1898, tornou-se necessário construir outro monumento em vista da necessidade de embelezamento do Praça de São Sebastião, já que a coluna apresentava em processo de deterioração. Mário Ypiranga (1972, p. 45) afirma ser o dia 5 de setembro de 1900 a data provável de inauguração oficial do Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial.

O artista italiano Domenico de Angelis é o autor do monumento atual, porém, não foi o mesmo quem executou o projeto, uma vez que era normal o artista italiano contar com uma equipe de apoio. Domenico de Angelis não chegou a ver o monumento como um todo instalado no Largo de São Sebastião, uma vez que o mesmo faleceu em março de 1900, ou seja, antes da inauguração do monumento.

Mário Ypiranga tece algumas críticas com relação ao Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial, já que o mesmo não apresenta nenhum traço característico da região amazônica, a não ser o escudo do Amazonas. O calçamento em torno do Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial foi executado por Antônio Augusto Duarte, que calçou a praça com paralelepípedos de granito de origem portuguesa nas cores pretas e brancas, uma alusão ao encontro das águas negras do rio Negro com as águas barrentas do rio  Solimões.

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Anos antes da instalação do Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial, tem-se a inauguração do Teatro Amazonas, considerado o símbolo mais importante do auge do ciclo econômico da Borracha na região amazônica.

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Em 1883, o presidente José Paranaguá sugeriu a construção do Teatro no terreno que se localizava em frente a Praça Paysssandu, uma vez que o local apresentava-se ventilado e localizava-se bem no centro da cidade.
Porém, a existência do igarapé do Espírito Santo no local tornava o terreno impróprio para receber tal obra. Assim, foi escolhido o terreno localizado em frente a Praça de São Sebastião, que pertencia ao tenente coronel Antônio Lopes Braga. O local foi desapropriado em 1884 para o início da construção do teatro, por ordem do Presidente José Paranaguá.

A cor original do Teatro Amazonas é um assunto que gera polêmicas entre autores e pesquisadores da área. Otoni Mesquita afirma que o uso da cor rosa era freqüente nas fachadas dos prédios do século XIX. Além disso, a fachada divulgada em 1893 apresentava a 3 O ato de abertura do rio Amazonas ao comércio mundial deu-se em 7 de dezembro de 1866 pelo então Imperador do Brasil D. Pedro II. cor rosa, o que pode ter definido a escolha da mesma cor. Porém, o autor Mário Ypiranga Monteiro diz que a pintura cor-de-rosa do teatro é recente e de autoria do engenheiro Victor Troncoso.

Outro tema norteado por dúvidas e simbolismos é a cúpula de ferro do Teatro Amazonas. No acervo do teatro é possível encontrar um projeto metálico da cúpula, datado de 1894 e de autoria do desenhista Willy von Bancels, o mesmo autor da planta da cidade de 1893.

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A armação de ferro é de origem européia e as telhas envernizadas foram importadas da região francesa da Alsásia. A grandiosidade da cúpula, que apresenta as cores verde, amarela, azul e branca, uma alusão direta a Bandeira Nacional, era uma forma de lembrar aos barcos estrangeiros que aportavam em Manaus que os mesmos estavam em terras brasileiras. É válido lembrar que na época era possível observar o Teatro  Amazonas de quase todas as partes da cidade.

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A construção da cúpula no alto do Teatro Amazonas foi alvo de inúmeras críticas na época. Tal fato é ratificado em vários documentos oficiais  datadas da época, onde é possível até mesmo encontrar editais chamando concorrentes para a demolição da cúpula.

Após inúmeras paralisações no andamento das obras de construção do Teatro Amazonas, em virtude de vários motivos, o mesmo foi inaugurado oficialmente em 31 de dezembro de 1896. Consequentemente, a edificação atual do Teatro Amazonas não corresponde ao projeto original.

Assim como o Monumento de Abertura dos Portos do Amazonas ao Comércio Mundial e o Teatro Amazonas, a Igreja de São Sebastião tem uma importância fundamental para a história do Largo de São Sebastião. Tal fato é ratificado pelo próprio nome do largo, na época de concepção  apenas praça, influenciado diretamente pela presença da igreja no local.

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Otoni Mesquita afirma que a referência mais antiga a respeito da construção da Igreja de São Sebastião é datada de novembro de 1868, conforme os relatórios da província. A construção da Igreja de São Sebastião é datada de 1888, na qual a direção é atribuída a Gesualdo Machetti. Durante todo o período de edificação da igreja, verificam-se várias paralisações nas obras e modificações no projeto arquitetônico.

Porém, a partir de 1911, a queda dos preços da Borracha provocou o fechamento dos seringais na Amazônia. A economia do látex entrou em declínio principalmente no ano de 1913 e, em 1920, foi confirmada a falência da Borracha na região. Assim, os delírios de uma sociedade cuja economia baseou-se unicamente na produção da Borracha, um dos principais erros dos governantes da época, transformaram-se em angústias e decepções, refletidas na decadência de muitas famílias importantes na cidade de Manaus e nas ruínas de muitos patrimônios ao longo do tempo.

Largo de São Sebastião / Foto Aguilar Abecassis

Largo de São Sebastião / Foto Aguilar Abecassis

Fonte : Revista Eletrônica Aboré Publicação da Escola Superior de Artes e Turismo – Edição 03/2007
ISSN 1980-6930
MEMÓRIAS DO LARGO DE SÃO SEBASTIÃO
Jhonathan Nogueira Martiniano. e  Elizabeth Filippini.

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Sou o idealizador do No Amazonas é Assim e um apaixonado pela nossa terra. Gravo vídeos sobre cultura, comunicação digital, turismo e empreendedorismo além de políticas públicas.

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