Conheça a famosa Ilha de Marapatá, a ilha encantada dos mitos. - No Amazonas é Assim
Nos Siga nas Redes Sociais
Manaus, AM, Sexta-Feira, 29 de Março de 2024

Memórias do Amazonas

Conheça a famosa Ilha de Marapatá, a ilha encantada dos mitos.

Publicado

no

Marapatá é uma ilha na foz do rio Negro, próximo ao cartão postal de Manaus do Encontro das Águas. Marapatá durante muitos anos era a única porta de entrada da cidade de Manaus, claro, isso antes da existência de estradas e aviões. Desde os tempos coloniais, foi sempre parada obrigatória dos barcos. Reza a lenda que o forasteiro deixava lá sua vergonha, o que lhe permitia entrar na cidade sem qualquer freio moral. E aí valia tudo. Após fazer fortuna por meios ilícitos, ia embora do Amazonas. O barco dava outra paradinha para que, já rico, recolhesse a honra ali deixada e recuperasse a decência e a honestidade.

Desta sobre a Ilha Marapatá no Jornal Folclore

Desta sobre a Ilha Marapatá no Jornal Folclore

Quem sobe o rio Negro, na demanda de Manaus, à margem esquerda, logo acima do Encontro das Águas, tem a oportunidade de observar a ilha do Marapatá, separada da terra firme por um profundo e estreito canal. Na sua parte voltada para o leito principal, é flanqueada por um verdadeiro abismo, onde o sonar assinalou uma fossa de mais de cem metros de profundidade, indicando uma altitude negativa de dezenas de metros abaixo do nível do mar.

LEIA TAMBÉM  Tudo sobre o Ciclo da Borracha - dos primórdios até 1920

É uma característica ilha de várzea de rio de água negra, indo ao fundo todos os anos, durante a enchente, nela desenvolvendo-se uma floresta de igapó, de cor verde azulada, idêntica a de outras ilhas do mesmo tipo, existentes no rio Negro, como a dos Cachorros, a do Camaleão, e as incontáveis Anavilhanas, na baía do Boiaçu, mas diferente do verde claro da mata de igapó das ilhas dos rios de água barrenta.

Em todas as minhas passagens por ela, sempre ao largo, tenho recolhido interessantes relatos, contados pelos caboclos, sobre a aura mágica que a envolve. Uns citam as suas constantes mudanças de lugar. Outros informam, ali, existir um lago onde mora a velha Cobra Grande, que desde os tempos coloniais vagueia diante do Lugar da Barra, do Tarumã às Lages. Todos concordam ser ela um acidente geográfico encantado.

Ilha do Marapatá / Reprodução Google Earth

Ilha do Marapatá / Reprodução Google Earth

No tempo em que o transporte fluvial era o único ligando Manaus ao resto do Mundo, gaiolas, vaticanos, transatlânticos, chatas, chatinhas, lanchas, escunas, saveiros, alvarengas, batelões, canoas, todas as embarcações trazendo passageiros para a cidade, passavam por esta estranha ilha do Marapatá, o que ocorre até hoje, pois, apesar da lenda, ela continua firme, no mesmo lugar. Nessa passagem obrigatória, marinheiros, retirantes, seringueiros, seringalistas, comerciantes, funcionários destacados para a região, governantes provinciais, militares, artistas, médicos, advogados, gerentes, professores, emigrantes e imigrantes, todos ou quase todos, com honrosíssimas exceções, ali deixavam, dizem os antigos, as suas consciências, ou as suas vergonhas, ou ambas, escondidas numa loca de ariramba, num buraco de piranheira, debaixo de uma sapopemba ou penduradas num galho qualquer de árvore. Até Macunaíma ali esteve antes de se tornar o herói do Modernismo Brasileiro.

LEIA TAMBÉM  Conheça o Hino Municipal de Manaus

Livres delas chegavam a Manaus e aí…, o seringalista perdia o seu solitário, o seringueiro gastava o seu saldo de anos, de trabalho na selva, os funcionários, os governantes e as demais autoridades esqueciam os seus deveres, em suma, todos, sem consciência e sem vergonha, desmandavam-se em desatinos nesta cidade de Nossa Senhora da Conceição.

Publicidade
Confira as últimas notícias do TCE-AM
Livro : A ilha do Marapatá por Antônio Loureiro

Livro : A ilha do Marapatá por Antônio Loureiro

Terminadas as suas “missões”, de volta às origens, dizendo cobras e lagartos da terra que os enriquecera lícita ou ilicitamente, todos saltavam, novamente, na ilha do Marapatá, e recolhiam as suas consciências, ou as suas vergonhas, ou ambas, onde as tinham deixado, e iam viver em outras paragens, como honestos senhores. Muitos, porém, jamais as recuperaram, perdidas para sempre no emaranhado do igapó ou carregadas pelas enchentes, Amazonas abaixo. Os gemidos dessas consciências perdidas talvez sejam os escutados na assombrada ilha.

LEIA TAMBÉM  Conheça a História do município de Barcelos, a primeira capital do Amazonas

Hoje, passados tantos anos, os que vêm de fora poucos usam o navio como transporte. O avião e o automóvel não passam por Marapatá. A Zona Franca está aí. Onde é que este pessoal todo está escondendo a sua consciência, a sua vergonha, ou ambas? Isto é uma estória para outra oportunidade.

Ilha do Marapatá / Foto : Marcus Pessoa

Ilha do Marapatá / Foto : Marcus Pessoa

Deixe seu comentário aqui embaixo 👇…

Lendas Amazônicas, Urbanas e Folclóricas!

Notícias da ALE-AM

Curta a gente no Facebook

Bora Falar de Direito?

Confira as dicas de direito

Prefeitura de Manaus

Últimas notícias da Prefeitura de Manaus

Governo do Amazonas

Últimas notícias do Governo do AM

Tribunal de Contas do Amazonas

Últimas Notícias do TCE-AM

Águas de Manaus

Últimas notícias da Águas de Manaus

Assembleia Legislativa do AM

Últimas notícias da ALE-AM

Entre em nosso Grupo no Whatsapp

Participe do nosso grupo no Whatsapp

Últimas Atualizações