Internacional Estudo sugere que Covid-19 também pode ser transmitido pelo sexo Por Marcus Pessoa Publicado em 9 de maio de 2020 2 minutos lido 225 Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe no Pinterest Compartilhe no Linkedin Uma pesquisa realizada em um hospital de Shangqiu, cidade na província de Henan, na China, encontrou o novo coronavírus no sêmen de pacientes infectados. Um grupo de 38 homens foi testado e seis apresentaram partículas virais no esperma. A descoberta sugere que a Covid-19 possa, portanto, ser transmitida sexualmente. O artigo foi publicado no ‘Journal of the American Medical Association’ (JAMA) revela que o SARS-CoV-2, responsável pela pandemia Covid-19, também se transmite através do sémen. A verificação científica ocorreu num teste clínico conduzido pelo chinês Diangeng Li, acompanhado de quatro colegas do Hospital Municipal de Shangqiu, na província de Henan. De acordo com o publicado online, participaram 50 doentes masculinos, todos acima dos 15 anos, em estados de menor ou maior gravidade da doença, e no final foi detectado o coronavírus no sêmen de 6 pacientes. Não se pode falar de surpresa absoluta. Apesar de um estudo publicado em abril, da Universidade do Utah (EUA), referir ausência do coronavírus no sêmen de doentes Covid-19, sabia-se que os vírus ébola e zika foram identificados no líquido reprodutivo masculino de contagiados. O preocupante é que quando apareceu, em janeiro, a Covid-19 só contagiava entre humanos através de gotículas respiratórias e do contacto pessoal, pelo que se exigia o distanciamento social. Ao fim de 4 meses já se identificou o vírus nas fezes, trato gastrointestinal, saliva e, agora, no sêmen. Não foi possível apurar se estava contagiante, embora não pudesse replicar-se no tipo de células em que vagueava. Resultados do teste Dos 50 participantes no ensaio clínico de Shangqiu, 12 não forneceram sêmen por disfunção erétil. O coronavírus foi identificado em seis: quatro eram dos 15 em estado mais grave. Dois pertenciam ao grupo dos 23 em recuperação. Protocolo científico Todos os participantes no ensaio clínico encontravam-se internados no hospital de Shangqiu no período de preparação e recolha de sémen entre 26 de janeiro e 16 de fevereiro. Os procedimentos respeitaram todos os protocolos científicos. Apelo ao preservativo A presença do SARS-CoV-2 no sémen aumenta os alertas sobre contactos com contagiados. Além de evitar contactos com saliva e sangue, os infetados devem, segundo os médicos, prevenir-se com preservativo nas relações sexuais. “Ainda não há evidência científica de que possa ser transmitido por contato sexual, mas isso estará em estudo e logo saberemos. Ter o conhecimento de que a partícula do vírus é infectante ou não é fundamental, porque a partir disso outras pesquisas vão se desenvolver para tentar elucidar se a relação sexual pode ter algum papel na transmissão”, explica Raquel Stucchi, infectologista da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A relação sexual durante a pandemia já é um risco pela possibilidade de encontrar o vírus no nariz e na garganta. As partículas conseguem sobreviver e serem transmissíveis até o quinto dia após uma pessoa contrair a doença. Ricardo Diaz, professor de infectologia da Escola Paulista de Medicina e consultor da SBI, reflete que a descoberta seria revolucionaria se fosse comprovado que o vírus poderia ser infeccioso e por mais tempo do que em outras regiões. “É mais uma prova de que ele está em qualquer lugar do corpo, se proliferando. Se fosse provado que o vírus é infeccioso por mais tempo do que na garganta e no nariz, os dois testes de PCR que fazemos para liberar uma pessoa que está recuperada não seriam suficientes. Cerca de 80% das transmissões do coronavírus acontecem em pessoas com pouco ou nenhum sintoma, e dentro de casa”, afirma Diaz. Estudo sugere que Covid-19 também pode ser transmitido pelo sexo