Que falta faz o senador Jefferson Peres!

Olhando para o cenário político brasileiro atual a gente sente falta dos bons exemplos. O ex-Senador José Jefferson Carpinteiro Peres, mais conhecido como Jefferson Péres sim, foi um político que honrou o Congresso Nacional até o seu último dia.

Basta lembrar que o Senador tinha uma particularidade na sua trajetória política: a de dispensar apoio de determinadas pessoas e correntes políticas.

Jefferson Péres jamais pedia votos e escolhia o tipo de eleitor que deveria votar nele. Jefferson deixava os outros políticos perplexos: se não pedia votos e se não tinha estrutura político-partidária, como poderia ganhar eleição? Simplesmente jamais trocando sua postura por estrutura. É esse o tipo de político que faz falta hoje.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas e em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Antes de se tornar político, lecionava na área de Economia, na Universidade Federal do Amazonas – UFAM.

Ontem, dia 18 de março, se estivesse vivo, o senador teria completado 88 anos e portanto é uma obrigação cívica reverenciar a memória deste amazonense que honrou os vários mandatos que recebeu do nosso povo e que inspirou uma geração. É notório hoje a falta que ele faz.

Se no Congresso Nacional existissem pelo menos metade dos políticos com a postura, a coragem e a credibilidade de Jefferson Peres, nosso país com certeza estaria em outro rumo. O Jefferson é uma figura que extrapolou as fronteiras do Amazonas e foi conhecido no Brasil inteiro, principalmente pela postura e compromisso que ele tinha com o Estado. O Senador faz falta principalmente hoje em dia com o descrédito da classe política e a falta de ética de muitos parlamentares.

Péres era querido e respeitado por seus aliados e até por não aliados. Alguns políticos foram alunos de faculdade do senador, como é o caso do deputado Serafim Corrêa (PSB), que mantém seu saudosismo e respeito aos ensinamentos do professor. “Tive o privilégio de conviver com ele desde 1986 na faculdade. Por onde ele passou, deixou coragem, clareza nas ideias. Era um exemplo!”, disse.

Alías, quem mais se aproxima em pensamentos e postura, mesmo contrariando multidões, é justamente o deputado estadual Serafim Corrêa. “Não era um privilégio meu, admirar o Senador. Milhões de brasileiros o tinham como modelo de político digno e defensor das causas corretas. Ícone das indignações da sociedade contra a corrupção e os desmandos dos governos, quaisquer governos, nunca se acovardou, gigante que era dentro de um corpo pequenino e franzino. Sua postura sempre carrancuda e seus discursos ásperos e certeiros denunciando a falta de ética, fulminando os maus políticos e tudo o que considerava errado, vão fazer muita falta ao Brasil”, relembrou o Sarafa em suas redes sociais.

Engana-se quem pensa que o Jefferson foi um aventureiro que caiu no Senado de para-quedas. Ele veio de baixo mesmo com a força da família dele. Jefferson Peres era filho de Arnoldo Carpinteiro Peres e de Maria do Carmo Campelo Carpinteiro Peres. O irmão, Leopoldo Peres Sobrinho, foi deputado federal e senador. O tio, Leopoldo Peres, constituinte de 1946 e deputado federal. Jefferson foi eleito pela primeira vez à um cargo público em 1988 como vereador em Manaus, cargo para o qual foi reeleito para segundo mandato, cumprido até 1995, quando assumiu sua cadeira no Senado.

Em 2006, ele foi candidato à vice-presidência do Brasil na chapa do também senador pedetista Cristovam Buarque, do Distrito Federal.

Jefferson Peres já havia anunciado que após cumprir seu mandato de senador, que ia até 2010, abandonaria a vida política, mas acabou falecendo antes, vítima de uma parada cardíaca, em 23 de maio de 2008.

Nos anos em que esteve na vida pública, ele foi um dos políticos amazonenses de renome que mais se inseriu no contexto nacional respeitado por todos. Sua partida foi uma perda enorme para todos nós, em especial no Senado da República.

Abaixo um depoimento do deputado Serafim Corrêa, ao quem era considerado como substituto natural de Jefferson Peres.